segunda-feira, 8 de novembro de 2010
tantalizado
sábado, 6 de novembro de 2010
jacob's ladder
terça-feira, 31 de agosto de 2010
a dama branca
A Dama Branca que eu encontrei,
Faz tantos anos,
Na minha vida sem lei nem rei,
Sorriu-me em todos ps desenganosl
Era sorriso de compaixão?
Era sorriso de zombaria?
Não era mofa nem dó. Senão,
Só nas tristezas me sorriria.
E a Dama Branca sorriu também
A cada júbilo interior.
Sorria como querendo bem.
E todavia não era amor.
Era desejo? - Credo! De tísicos?
Por histeria... quem sabe lá?...
A Dama tinha caprichos físicos:
Era uma estranha vulgívaga.
Ela era o gênio da corrupção.
Tábua de vícios adulterinos.
Tivera amantes: uma porção.
Até mulheres. Até meninos.
Ao pobre amante que lhe queria,
Se lhe furtava sarcástica.
Com uns perjura, com outros fria,
Com outros má,
- A Dama Branca que eu encontrei,
Há tantos anos,
Na minha vida sem lei nem rei,
Sorriu-me em todos os desenganos.
Essa constancia de anos a fio,
Sutil, captara-me. E imaginai!
Por uma noite de muito frio
A Dama Branca levou meu pai.
Manuel Bandeira
esse poema sempre me deu uma sensaçao estranha. quando era menor eu achava que era a menininha esquisita do Cría Cuervos do Carlos Saura. de algum modo eu achava que se eu fizesse alguma coisa, que eu nem imagino o que seja, as pessoas à minha volta não iriam mais morrer. é bastante estranho, por isso eu faço terapia há tanto tempo.
No dia 12 de agosto morreu o escritor angolano Ruy Duarte de Carvalho. Não que eu o conhecesse ou qualquer coisa do tipo, mas tinha certeza de que algum dia isso ia acontecer, afinal, a sua obra é a minha mais consistente obsessão nos ultimos tempos. Mas sua morte ainda me parece algo estranho. não parece verdade, como qualquer outra morte também nunca me pareceu. não lido muito bem com essa ausencia desmedida que se faz presente a cada lembrança.
desde o fim de junho, quando a dama branca me deixou meio avariada, qualquer musica do kid abelha me fazia chorar. mesmo. isso tá começando a passar, a se acalmar. percebi isso hoje devido a uma ferramenta incrivel do itunes: shuffle.
quanto a essa estória de dama branca, acho que o bandeira pode ter tido alguma razao, afinal, tdo dia eu conto pra alguém a estória de quando o tiago me contou que a paula toller era a mulher mais bonita do mundo.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
duvida cruel
quinta-feira, 1 de julho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
caderno rosa
domingo, 30 de maio de 2010
terça-feira, 18 de maio de 2010
o sertão tal e qual
As fotos da maureen bisilliat, pelo menos ao meu ver, constroem uma ressifignicaçao do espaço ficcionalizado. realizaçao? nao, nao digo. estou agora pensar o sertao em branco e preto. o pior é que nao é só o do rosa, as paragens do brutuei e da muhunda pra mim também perderam a cor. mas isso é bom. nao sei o que Iser diria a esse respeito. nao sei se faz algum sentido, mas como o disparate é um direito universal do homem, eu prossigo.(essa frase eu tirei d' os papeis do ingles do ruy duarte de carvalho)
quanto ao primeiro filme, cujo titulo insisto em nao repetir por ser ele muito longo, gostei bastante. gostei dessa ideia ressignificaçao do espaço. O modo como o narrador constroi sua amada, a galega, simplesmente me encantou, é como se em meio à ficçao do filme ele criasse uma ficçao para si proprio, para continuar a viagem. viajo porque preciso, nao volto porque ainda te amo.
o filme desobediencia nao me causou, assim, tanto encato. me deixou sem chao. o filme nasceu de uma noticia de jornal sobre um homem que havia se suicidado porque sua mulher se recusara a preparar-lhe o banho como mandara. ele parte de uma ideia (à essa hora da noite nao consigo pensar em uma palavra melhor) alcunhada docudrama. os atores sao sao as mesmas pessoas que viveram essa historia e a camera simplesmente acompanha seu dessnrolar. o papel do suicida é feito por seu irmao gemeo. sim, ele tinha um irmao gemeo. a historia é tao enrolada e tensa que eu achei que eles iam matar a mulher do homem que se matara, que por outra coincidencia do destino se chama rosa castigo, na frente das cameras.
acho que chega de ficcionalizaçao e ressignificaçao por hoje
ps: nao consegui achar nenhum poster ou imagem do desobediencia, caso contrario teria anexado.
sábado, 24 de abril de 2010


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Carta secreta I - Le début
Elegia: indo para o leito
John Donne
Carta Secreta I - Le Début
A ti
meus olhos verdes
my new america
(lembras Donne?)
Oh my new found land
beloved
vejo-te todos os dias
olho-te em silêncio
vejo-te
cabelos desalinhados
se os afastas
descobres a testa branca
estremeço
realmente estremeço
falas muito sério
ruborizo-me
sim
um rubor adolescente
como em Keats
Queria dizer-te isso
quero dizer-te isso
quando te falo
de outros assuntos
falamos sempre
com imensa gravidade
trago-te folhetos da Cooks
aí aparece a minha praia de verão
tento interessar-te
seduzir-te
tão indirectamente!
E se vieres?
meu Deus
se vieres?
Sorris
tão sério
é incrível
como é possível?
Não sei
não sei
Uma secreta cumplicidade
espero que exista
Acho que te amo.
Ana Hatherly
obs: esse ultimo poema era um poema concreto, mas por nada nesse mundo ele fica com os espaçamentos certos.
domingo, 10 de janeiro de 2010
A Mário de Andrade ausente
Anunciaram que você morreu.
Meus olhos, meus ouvidos testemunharam:
A alma profunda, não.
Por isso não sinto agora a sua falta.
Sei bem que ela virá
(Pela força persuasiva do tempo).
Virá súbito um dia,
Inadvertida para os demais.
Por exemplo assim:
À mesa conversarão de uma coisa e outra.
Uma palavra lançada à toa
Baterá na franja dos lutos de sangue.
Alguém perguntará em que estou pensando,
Sorrirei sem dizer que em você
Profundamente.
Mas agora não sinto a sua falta.
(É sempre assim quando o ausente
Partiu sem se despedir:
Você não se despediu.)
Você não morreu: ausentou-se.
Direi: Faz tempo que ele não escreve.
Irei a São Paulo: você não virá ao meu hotel.
Imaginarei: Está na chacrinha de São Roque.
Saberei que não, você ausentou-se. Para outra vida?
A vida é uma só. A sua continua
Na vida que você viveu.
Por isso não sinto agora a sua falta.
Manuel Bandeira
(Em Estrela da vida inteira)
Tenho sentido muita falta da minha avó ultimamente. hoje faz dois meses que ela morreu. nao tem um dia que eu nao me lembre dela. só que nao é essa falta que se sente de alguem que morreu, mas a falta de alguem que nao se ve a muito tempo. toda vez que eu me lembro dela eu acho que ela vai estar fazendo croche na casa dela, ou na aula de pintura em tecido. só quando eu vou pedir pro meu pai pra ligar pra franca pra pedir noticias dela é que eu me lembro que ela partiu. na verdade, eu parti. ela se despediu, mas eu tinha certeza de que voltaria a vê-la no fim de semana. desde entao fico esperando uma noticia sua. permanece somente sua ausencia, que já me era bem familiar (é assim que se escreve?).
No natal sua falta se fez, escandalosa. pela primeira vez desde que eu me lembro, nao estava no sofa da sala vendo tv. só eu.
Essa falta calada volta de vez em quando, mas na maior parte do tempo permanece somente a falta-ausencia atenuada pela distancia.
sábado, 9 de janeiro de 2010
L'incencie du sanatorium des coincidences exagérées
