segunda-feira, 8 de novembro de 2010

tantalizado

ler joyce nunca fez bem a ninguem, ainmais se voce arranja um jeito de criar uma interlocuçao inventada com alguns poemas da ana c. mas também tem suas vantagens, descobri o verbo tantalize, que no portugues é tantalizar.
é uma palavra icrivel, nao só pelo significado (algo como atormentar) mas por parecer uma onomatopéia de quando minha mente se encontra nesse estado. é uma dessas palavras em que me pego pensando antes mesmo de lembrar seu significado
hoje descobri que sua origem esta no mito de tantalo, que (além de também ser um elemento quimico, Ta n= 73) por desagradar os deuses foi condenado a ficar enternamente com fome e sede, mergulhado de joelhos, com agua ate o pescoço, sob uma arvore frutifera, se se abaixava, a agua esvaia e nao podia se por de pe para pegar as frutas. é bastante atormentado. parece que o elemento quimico tambem é extremamente nao-reativo.
agora, tenho que tantalize my brain novamente (em ingles soa bem melhor) para ver se chego a algum lugar.

jacob's ladder 2 - mais fotos







sábado, 6 de novembro de 2010

jacob's ladder

é o caderno mais estranho que fiz até agora. ele é muito legal, mas totalmente desengonçado por conta do peso do papelao.

é uma referencia a uma passagem da biblia que deois eu coloco em algum lugar.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

a dama branca

A Dama Branca

A Dama Branca que eu encontrei,
Faz tantos anos,
Na minha vida sem lei nem rei,
Sorriu-me em todos ps desenganosl

Era sorriso de compaixão?
Era sorriso de zombaria?
Não era mofa nem dó. Senão,
Só nas tristezas me sorriria.

E a Dama Branca sorriu também
A cada júbilo interior.
Sorria como querendo bem.
E todavia não era amor.

Era desejo? - Credo! De tísicos?
Por histeria... quem sabe lá?...
A Dama tinha caprichos físicos:
Era uma estranha vulgívaga.

Ela era o gênio da corrupção.
Tábua de vícios adulterinos.
Tivera amantes: uma porção.
Até mulheres. Até meninos.

Ao pobre amante que lhe queria,
Se lhe furtava sarcástica.
Com uns perjura, com outros fria,
Com outros má,

- A Dama Branca que eu encontrei,
Há tantos anos,
Na minha vida sem lei nem rei,
Sorriu-me em todos os desenganos.

Essa constancia de anos a fio,
Sutil, captara-me. E imaginai!
Por uma noite de muito frio
A Dama Branca levou meu pai.

Manuel Bandeira

esse poema sempre me deu uma sensaçao estranha. quando era menor eu achava que era a menininha esquisita do Cría Cuervos do Carlos Saura. de algum modo eu achava que se eu fizesse alguma coisa, que eu nem imagino o que seja, as pessoas à minha volta não iriam mais morrer. é bastante estranho, por isso eu faço terapia há tanto tempo.
No dia 12 de agosto morreu o escritor angolano Ruy Duarte de Carvalho. Não que eu o conhecesse ou qualquer coisa do tipo, mas tinha certeza de que algum dia isso ia acontecer, afinal, a sua obra é a minha mais consistente obsessão nos ultimos tempos. Mas sua morte ainda me parece algo estranho. não parece verdade, como qualquer outra morte também nunca me pareceu. não lido muito bem com essa ausencia desmedida que se faz presente a cada lembrança.
desde o fim de junho, quando a dama branca me deixou meio avariada, qualquer musica do kid abelha me fazia chorar. mesmo. isso tá começando a passar, a se acalmar. percebi isso hoje devido a uma ferramenta incrivel do itunes: shuffle.
quanto a essa estória de dama branca, acho que o bandeira pode ter tido alguma razao, afinal, tdo dia eu conto pra alguém a estória de quando o tiago me contou que a paula toller era a mulher mais bonita do mundo.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

duvida cruel

agora que já provaram que a galinha veio antes do ovo, temos que lidar com uma nova questao: como as pessoas fazem purê de batata hoje em dia.
sim, é isso mesmo. vai fazer um ano que me mudei mas até hoje nunca tinha tentado fazer qualquer espécie de pure. entao fui a um supermecardo, e depois a outro, e outro, e outro... no total foram seis. sim, seis! e nenhum deles tinha nada que servisse para fazer um pure. uma moça que trabalhava no supermercado numero 5 falou que se eu cozinhasse bastante as batatas e as colocasse numa batedeira planetaria na velocidade maxima, a batata também virava pure. sendo que mal sei o que é uma batedeira planetaria, a dica nao colou. acabei achando o famigerado espremedor no mercadinho mais estranho que já fui na minha vida. o espremedor tinha data de validade.
expirou em 2009.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Enterros sao realmente coisas fantasticas. em meio a muitos terços e rezas e familiares desconhecidos eu ganhei um livro. na verdade dois, duas seleçoes do Reader's Digest de 1942, uma de março e outra de maio. Quem me deu foi um primo da minha mae que eu não conhecia, mas de quem já tinha ouvido falar muito. eu preferia um gato, mas gostei dos livros.
Todos os textos são incriveis, menos por conta do vocabulario do que o conteudo de fato. seguem alguns titulos:

Tio Sam inventa o caça-tanques
A singular aposta do cemiterio
São Jorge para Zeebrugge
A ortropedia dos curandeiros selvagens
Vida nova para os velhos
Raios elétricos contra os resfriados
Nova esperança para os estrábicos
Os "gangsters" patrioticos do Japão
Dize-me o que comes...
Abelhas de Arribaçao
Assim cose o cirurgiao

O que mais me assustou é que esses textos sao muito serios, mas é impossivel nao achá-los engraçados. é como se fosse uma revista veja da época só que traduzida do ingles pro portugues.
segue em baixo o teste Você Tem Bom Gôsto?






domingo, 20 de junho de 2010

caderno rosa

eu meio que passei o fim de semana inteiro fazendo esse caderno. ate que ficou legal, nao é o caderno rosa de lory lambi, mas até que ficou legal.





domingo, 30 de maio de 2010

terça-feira, 18 de maio de 2010

o sertão tal e qual

acabei de terminar de escrever um paper, que foi fruto de muita enrolaçao e auto-piedade. ele nao estava tootalmente pronto quando apresentei-o no congresso. é sobre o Ruy Duarte de carvalho e Os papéis do ingles. falei sobre a relaçao entre a antropologia e a literatura e o desnudamento da ficçao como ficçao como uma forma de recriá-la como realidade. ficou confuso, mas agora já foi. a questao é que isso me pos a pensar sobre as fotos da maureen bisilliat e também sobre aquele filme brasileiro novo Viajo porque preciso, volto porque te amo e um filme moçambicano que vi nesse simposio chamado Desobediencia.

As fotos da maureen bisilliat, pelo menos ao meu ver, constroem uma ressifignicaçao do espaço ficcionalizado. realizaçao? nao, nao digo. estou agora pensar o sertao em branco e preto. o pior é que nao é só o do rosa, as paragens do brutuei e da muhunda pra mim também perderam a cor. mas isso é bom. nao sei o que Iser diria a esse respeito. nao sei se faz algum sentido, mas como o disparate é um direito universal do homem, eu prossigo.(essa frase eu tirei d' os papeis do ingles do ruy duarte de carvalho)

quanto ao primeiro filme, cujo titulo insisto em nao repetir por ser ele muito longo, gostei bastante. gostei dessa ideia ressignificaçao do espaço. O modo como o narrador constroi sua amada, a galega, simplesmente me encantou, é como se em meio à ficçao do filme ele criasse uma ficçao para si proprio, para continuar a viagem. viajo porque preciso, nao volto porque ainda te amo.

o filme desobediencia nao me causou, assim, tanto encato. me deixou sem chao. o filme nasceu de uma noticia de jornal sobre um homem que havia se suicidado porque sua mulher se recusara a preparar-lhe o banho como mandara. ele parte de uma ideia (à essa hora da noite nao consigo pensar em uma palavra melhor) alcunhada docudrama. os atores sao sao as mesmas pessoas que viveram essa historia e a camera simplesmente acompanha seu dessnrolar. o papel do suicida é feito por seu irmao gemeo. sim, ele tinha um irmao gemeo. a historia é tao enrolada e tensa que eu achei que eles iam matar a mulher do homem que se matara, que por outra coincidencia do destino se chama rosa castigo, na frente das cameras.

acho que chega de ficcionalizaçao e ressignificaçao por hoje

ps: nao consegui achar nenhum poster ou imagem do desobediencia, caso contrario teria anexado.

sábado, 24 de abril de 2010

Domingo passado fui na exposiçao da Maureen Bisilliat na fiesp. nao foram só as fotos do sertao do Rosa que me deixaram e descompasso, os ensaios "o cao sem plumas" sobre o poema do joao cabral de melo neto e "pele negra" também. nao sei o que aconteceu, nao sei se foi ver de fato pela primeira vez essa paisagem que me é tao familiar tanto pelos livros do guimaraes rosa quanto pelo Ruy duarte de carvalho, nao sei mesmo. só queria poder fazer essa viagem, largar tudo e ir pra januaria, pro mutum.

"Gado, couro, carne, fazendas, vaqueiros, jagunços, é o universo de Guimarães Rosa. Podia ter sido noutro qualquer lugar mas foi aqui. E se ele tivesse situado as suas estórias noutro lugar, era a esse lugar qualquer que eu teria acabado por ir ter. Mas foi aqui." (p. 73 do livro Desmedida do Ruy Duarte de Carvalho)

pra sair um pouquino do sertao, as fotos sao do "cao sem plumas".









quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Carta secreta I - Le début

em vez de ler o que eu deveria, comecei ontem a ler um livro da ana hatherly, a idade da escrita. é muito bom. eu nunca fui muito ligada em poesia, tirando o bandeira, o drummond e o cara que escreveu Ismalia, cujo nome nao vou me lembrar tao cedo, mas isso começou a mudar quando eu descobri umas poetas portuguesas. a ana hatherly foi por meio de um texto sobre o barroco que li para literatura portuguesa e a sofia de mello breyner andersen por aquele novo livro do mia couto, antes de nascer o mundo, que é muito bom, por sinal. cada capitulo tem como epigrafe um poema ou trecho de poema ou da adelia prado, ou da hilda hilst ou da sofia de mello breyner andersen.
bem, mas voltando ao a idade da escrita, encontrei um poema chamado "carta secreta I - le début" que cita aquele poema elegia do donne, o mesmo da musica do caetano veloso. mesmo sabendo que essa musica era parte do poema, nunca havia lido ele inteiro, em portugues ou ingles. algum dia que eu esteja menos atarefada, escrevo algum comentario minimamente critico comparando os dois poemas.
ei-los aqui, primeiro o do donne devidamente traduzido e depois o da ana.

Elegia: indo para o leito

Vem, Dama, vem que eu desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho, quero descoberto
O que ele guarda quieto, tão de perto.
O corpo que de tuas saias sai
É um campo em flor quando a sombra se esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa
Que cresça o diadema da madeixa.
Tira os sapatos e entra sem receio
Nesse templo de amor que é o nosso leito.
Os anjos mostram-se num branco véu
Aos homens. Tu, meu anjo, és como o Céu
De Maomé. E se no branco têm contigo
Semelhança os espíritos, distingo:
O que o meu Anjo branco põe não é
O cabelo mas sim a carne em pé.
Deixa que minha mão errante adentre.
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre.
Minha América! Minha terra a vista,
Reino de paz, se um homem só a conquista,
Minha Mina preciosa, meu império,
Feliz de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.
Nudez total! Todo o prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As jóias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de Atalanta:
O olho do tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para iletrados a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e somente

A alguns (a que tal graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.
Para ensinar-te eu me desnudo antes:
A coberta de um homem te é bastante.

John Donne


Carta Secreta I - Le Début


A ti

meus olhos verdes

my new america

(lembras Donne?)

Oh my new found land

beloved

vejo-te todos os dias

olho-te em silêncio

vejo-te

cabelos desalinhados

se os afastas

descobres a testa branca

estremeço

realmente estremeço

falas muito sério

ruborizo-me

sim

um rubor adolescente

como em Keats

Queria dizer-te isso

quero dizer-te isso

quando te falo

de outros assuntos

falamos sempre

com imensa gravidade

trago-te folhetos da Cooks

aí aparece a minha praia de verão

tento interessar-te

seduzir-te

tão indirectamente!

E se vieres?

meu Deus

se vieres?

Sorris

tão sério

é incrível

como é possível?

Não sei

não sei


Uma secreta cumplicidade

espero que exista



Acho que te amo.


Ana Hatherly

obs: esse ultimo poema era um poema concreto, mas por nada nesse mundo ele fica com os espaçamentos certos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A Mário de Andrade ausente

A Mário de Andrade ausente

Anunciaram que você morreu.
Meus olhos, meus ouvidos testemunharam:
A alma profunda, não.
Por isso não sinto agora a sua falta.

Sei bem que ela virá
(Pela força persuasiva do tempo).
Virá súbito um dia,
Inadvertida para os demais.
Por exemplo assim:
À mesa conversarão de uma coisa e outra.
Uma palavra lançada à toa
Baterá na franja dos lutos de sangue.
Alguém perguntará em que estou pensando,
Sorrirei sem dizer que em você
Profundamente.

Mas agora não sinto a sua falta.
(É sempre assim quando o ausente
Partiu sem se despedir:
Você não se despediu.)

Você não morreu: ausentou-se.
Direi: Faz tempo que ele não escreve.
Irei a São Paulo: você não virá ao meu hotel.
Imaginarei: Está na chacrinha de São Roque.

Saberei que não, você ausentou-se. Para outra vida?
A vida é uma só. A sua continua
Na vida que você viveu.
Por isso não sinto agora a sua falta.

Manuel Bandeira
(Em
Estrela da vida inteira)


Tenho sentido muita falta da minha avó ultimamente. hoje faz dois meses que ela morreu. nao tem um dia que eu nao me lembre dela. só que nao é essa falta que se sente de alguem que morreu, mas a falta de alguem que nao se ve a muito tempo. toda vez que eu me lembro dela eu acho que ela vai estar fazendo croche na casa dela, ou na aula de pintura em tecido. só quando eu vou pedir pro meu pai pra ligar pra franca pra pedir noticias dela é que eu me lembro que ela partiu. na verdade, eu parti. ela se despediu, mas eu tinha certeza de que voltaria a vê-la no fim de semana. desde entao fico esperando uma noticia sua. permanece somente sua ausencia, que já me era bem familiar (é assim que se escreve?).

No natal sua falta se fez, escandalosa. pela primeira vez desde que eu me lembro, nao estava no sofa da sala vendo tv. só eu.

Essa falta calada volta de vez em quando, mas na maior parte do tempo permanece somente a falta-ausencia atenuada pela distancia.

sábado, 9 de janeiro de 2010

L'incencie du sanatorium des coincidences exagérées


Bem, depois de muito ponderar eu resolvi fazer um blog, esse blog mais especificamente. acho que porque tenho lido muitos blogs nesse meio tempo tentando adiar as resenhas e relatorios, que nao têm me deixado dormir muito bem. A minha idéia de titulo foi "aline no pais das maravilhas", nada muito original, sendo que eu me chamo aline, só que, como o dominio não estava mais disponível, o endereço do blog ficou como "teoriadaparodia". esse é um livro da Linda Hitcheon, muito interessante por sinal, que eu estou lendo para o maldito relatorio. mas eu nao planejo reclamar do relatorio logo no primeiro post. Queria aproveitarpara falar de um livrinho minúsculo e numerado que eu comprei hoje na livraria com meus pais e que tem uns desenhos (gravuras, pinturas?) muito interessantes. Eu gosto bastante da palavra interessante, ela nao significa muita coisa, por isso pode ser usada em muitos lugares.São vinte e duas gravuras contando as duas capas. a que eu mais gostei por enquanto é a de numero cinco, mas pra falar a verdade, nao olhei muito para as outras ainda. Bem, eis ela aqui


O livro chama "L'incencie du sanatorium des coincidences exagérées" e é do Philippe Lagautriere.